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2022

n. 238 (2022)

O Brasil possui uma das maiores biodiversidades do mundo em
fruteiras nativas, dentre elas se destaca o cajueiro, que é cultivado como um
componente em vários arranjos (monocultivo, consorciado e em esquemas
de Sistemas Agroflorestais – SAFs) em sistemas de produção. As variáveis
produtivas e de reação a pragas e doenças são os principais alvos do
programa de melhoramento genético do cajueiro. O comportamento das
correlações entre essas variáveis se constitui em uma ferramenta eficaz no
processo seletivo da cultura e que pode ser estudado corretamente com o
emprego do procedimento estatístico gráfico biplot. A análise de correlações 

permite uma seleção indireta de um caráter de difícil mensuração a partir
de um outro de fácil medição e menos sujeito a erros de mensuração.
O objetivo deste trabalho foi realizar uma seleção precoce em uma população
segregante de cajueiro por meio da análise gráfica biplot para as variáveis
de produção e reação à traça-da-castanha e ao oídio. Foram avaliados os
seguintes caracteres: produtividade de castanha (PROD), massa média de
castanha (MMC), porcentagem de castanhas furadas pela traça-da-castanha
(PCF) e severidade do oídio na castanha (SO). O delineamento experimental
empregado foi o de blocos casualizados com 49 progênies experimentais.
Os componentes principais, o gráfico biplot e as correlações simples foram
obtidos empregando-se o software R (2021). A partir das estimativas das
correlações simples, houve correlações positivas entre PROD e SO e entre
MMC e PCF. O procedimento biplot mostrou comportamento similar ao das
correlações simples quanto à tendência, em mesma direção, esperada entre
PROD e MMC e resistência à praga e à doença estudadas e, em parte,
divergente quanto ao comportamento oposto e ideal entre PROD e PCF,
MMC e SO e MMC e PCF. As progênies identificadas como 1, 10, 12, 14,
15, 16, 35, 38, 39 e 44 apresentaram altos valores de MMC e baixos de PCF,
simultaneamente, mostrando bom potencial para serem consideradas em
uma seleção direta de indivíduos, para compor um segundo ciclo de seleção
recorrente, como também para compor um esquema de cruzamentos do
programa de melhoramento genético do cajueiro. Já as progênies 33 e 31,
que se mostraram mais suscetíveis ao oídio, apareceram como as mais
produtivas, simultaneamente, mostrando uma correlação positiva indesejável
entre essas variáveis para esta população no ambiente considerado.

n. 237 (2022)

A mosca-branca-do-cajueiro, Aleurodicus cocois (Curtis, 1846) (Hemiptera: Aleyrodidae), é uma das principais pragas da cultura do cajueiro, Anacardium occidentale L. O objetivo deste trabalho foi determinar em telado os perfis qualitativos e quantitativos de voláteis liberados por clones suscetível (CCP 76) e resistente (PRO 143/7) de cajueiro-anão não infestados ou infestados pela mosca-branca-do-cajueiro, Aleurodicus cocois. Os compostos voláteis liberados por cada clone de caju foram caracterizados em laboratório por microextração em fase sólida e cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa (GC-MS). Vinte e nove compostos voláteis vegetais liberados pelos genótipos foram identificados. A análise dos componentes principais dos espectros revelou diferenças quantitativas e qualitativas significativas entre os dois genótipos. O genótipo suscetível CCP 76 apresentou concentração constitutivamente elevada de α-pineno e trans-β-ocimeno, enquanto a infestação por A. cocois causou nesse genótipo um aumento na concentração de β-mirceno, α-copaeno e β-cariofileno. As plantas infestadas do genótipo CCP 76 apresentaram redução nos níveis de α-pineno, trans-β-ocimeno, alo-ocimeno e neo-alo-ocimeno. Plantas não infestadas do genótipo resistente PRO 143/7 emitiram baixas concentrações de α-pineno, enquanto plantas infestadas aumentaram as emissões de alo-ocimeno e neo-alo-ocimeno. Os resultados implicam que o perfil dos compostos emitidos por genótipos de cajueiro-anão varia, quantitativa e qualitativamente, dependendo da herbivoria de A. cocois e da variabilidade genética das plantas, fornecendo uma base química para futuros estudos sobre o comportamento olfativo dessa praga.

v. 2, n. 232 (2022)

O óleo de amêndoa da castanha-de-caju (OACC) é um produto de grande interesse industrial, pois apresenta qualidade sensorial diferenciada e alto valor nutricional. Entretanto, para auxiliar na viabilização desse produto, é importante o uso de matéria-prima de menor valor comercial. Assim, é descrita neste trabalho a qualidade de óleos obtidos a partir de diferentes classificações de ACC, sendo elas: LW3 (inteira, tamanho 210); S3 (banda); B3 (batoque); P3 (pedaço grande); SSP3 (pedaço superpequeno); e X3 (xerém), sendo todas de terceira qualidade. As amêndoas foram caracterizadas com relação à composição centesimal (proteínas, lipídios, umidade, cinzas, carboidratos e fibras) e seguiram para o processamento por prensagem, para extração de seus óleos. Os produtos obtidos foram avaliados com relação ao índice de acidez, teor de peróxido e à coloração. De acordo com os resultados, foi possível obter OACC de qualidade adequada à legislação brasileira utilizando-se matéria-prima de menor valor comercial. As exceções foram as amostras SSP3 e X3, que apresentaram valores de peróxidos acima do limite estabelecido pela legislação brasileira. Considerando-se todos os parâmetros avaliados, recomenda-se o uso de amêndoas em pedaços (P3), uma vez que apresentam qualidade semelhante ao óleo obtido a partir de amêndoas inteiras e menor valor da matéria-prima.

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